Os túneis.

Quando fui para Portugal, em Dezembro último, cheguei a tempo de ir ver o jogo SLB-FCP. Ora, os vôos em Paris estavam cancelados devido ao mau tempo e só cheguei a Portugal 8 horas depois do previsto, isto é, aterrei às 6 da tarde e o jogo na Luz era às 8.15. Assim, depois de mais de 30 horas em barco, aviões e exaustivas esperas em terminais, não é difícil de perceber como estava cansado; e como me desiludiu o que vi nesse Domingo: um jogo lento e com paragens constantes. Para além disso, estava frio e a chuva incomodava. Enfim, a vitória do Benfica foi o menos mau (ainda que eu seja da opinião que ganhar não chega). Quanto ao jogo, está tudo dito – e tão cedo não me apanham noutra! No que concerne às incidências no túnel de acesso ao relvado da Luz, só dias depois fiquei a saber da polémica que volta a incendiar o futebol luso. É sobre isto que gostava de escrever umas linhas. Quando era mais moço, lembro-me das atrocidades que invariavelmente eram perpetradas no túnel de acesso ao relvado das Antas. Gaspar Ramos disse há dias que viveu momentos de terror naquele túnel, e que isso deveria bastar para que nunca se fizesse o mesmo no Estádio da Luz. Ora, tal como Gaspar Ramos o afirmou, acho inconcebível que qualquer benfiquista não se sinta revoltado – e até qualquer coisa de envergonhado – com o que terá sucedido no túnel da Catedral. É por demais evidente que havia elementos que não estavam autorizados a marcar presença no dito túnel. E, resulta das mais elementares regras da experiência, que também é notório que os jogadores do Porto foram provocados à saciedade. A reacção destes não é aceitável e deve agora ser devidamente punida (e isso não é discutível). Porém, o problema maior coloca-se a montante: os dirigentes do meu clube provocaram a situação. O Benfica tem – objectivamente – melhor equipa que o FCP. Isso terá de bastar para vencer o título. Para atitudes mesquinhas, rafeiras e provocatórias não contem comigo. Muito menos para dar argumentos morais aos nossos adversários. Não me contento com vitórias morais, mas também não quero que no Benfica haja quem se esqueça de honrar a hombridade de líderes como Fezas Vital ou Borges Coutinho.