Aborto.

O "sim" ganhou o referendo! Finalmente acabou esta palhaçada e -valha-nos isso- não haverá repetição! Bom, a não ser que o Ribeiro e Castro continue como líder do PP, para quem "não é só a esquerda que faz referendos no dia seguinte" (que oportunidade de ouro para estar calado)...

Não me interessa minimamente o resultado final por razões que me recuso a debater, mas tenho a certeza que nada se irá alterar em Portugal (à semelhança de outras imutabilidades)...

Essencialmente, esta questão serviu para a inútil e anacrónica esquerda se sentir útil (sem o ser), para a direita se vitimizar e para a neo-esquerda do caviar acreditar que tem alguma influência sobre o país... É do mais asinino acreditar que a questão do aborto se pode partidarizar e/ou etiquetar!

Entre discursos vazios e eleitoralistas, passando por arrazoados sinistros e populistas, tivemos de tudo um pouco...

E há alguns discursos finais que são luminosos, independentemente da posição sobre o tema:

a) "Nos próximos dias poderemos entrar finalmente no século XXI e na Europa em que queremos estar" - Francisco Louçã, dirigente do Bloco de Esquerda -

Será que o nosso défice económico e cultural será resolvido com esta facilidade?! Será que o aborto era a solução para o nosso problema?!

b) "Uma grande vitória (...) para os valores democráticos e progressistas ligados ao projecto de Abril" - Vasco Cardoso, da comissão política do PCP-

Ai esta obsessão com o mês de Abril...

c) "Uma das páginas mais tristes da história Portuguesa" - Ribeiro e Castro, líder do CDS-PP

Só pode estar a brincar! Sem me esforçar muito, estou a lembrar-me de 3 ou 4 momentos bem mais tristes...

d) "Os portugueses não tinham hoje a sua cabeça concentrada em exclusivo na problemática que ia ser referendada. O Serviço Nacional de Saúde tem condições de realizar aquilo que os portugueses pediram e dar serviços de qualidade e equidade" - António Correia de Campos, ministro da Saúde

Sr. Ministro, acho muito bem que se proporcionem as condições de saúde necessárias para que as mulheres abortem em segurança, mas também gostava que as mulheres não precisassem de ir a Espanha para ter um filho por falta de maternidades...