quinta-feira, janeiro 08, 2009

Recurso de estilo?

“Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra
,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.”

Sim, adivinharam, trata-se do poema de Jorge Palma (JP) que deu origem à música “Encosta-te a mim”. O poema está bem engendrado e a música ficou deveras cativante. De facto, quando Palma é tocado pelas musas da inspiração faz coisas dignas de nota. Porém –há sempre um porém-, tendo em conta que JP se furtou ao cumprimento do serviço militar obrigatório (dizem as más-línguas, essas destravadas!, que mais por miúfa do que por convicção), tendo estado por terras dinamarquesas desde 1973, alguém me explica o verdadeiro sentido do vertido nas linhas 9 e 10 do poema acima? Ora, sendo que o que o autor ali escreveu não se deve ao seu saber de experiência feito, é legítimo concluir que se trata de um caso clássico de escrita sobre o efeito de psicotrópicos e/ou afins. Ou então é coisa de artista e trata-se de recurso de estilo. Se for verdadeira a primeira hipótese, importa notar que não seria inédito. Isto é, nem seria inédito ver artistas a criar a sua arte sobre o efeito de substâncias psicotrópicas, nem seria inédito ver JP com um grão na asa. E, com a breca!, se H. Clinton disse que andou a fugir de tiros, por que não há-de JP ter revelações guerrilheiras? Se, por outro lado, for a segunda a hipótese verdadeira, nada tenho a apontar à sua liberdade criativa. Apenas gostaria de alertar JP para o facto do tempo não estar para recursos estilísticos. Bem basta atentar na Dra. Ferreira Leite, cujo recurso a figuras de estilo tão mal caíu no goto dos iluminados políticos da tugalândia. Mas isso é com os políticos; nos artistas até dá um ar intelectual. Afinal, talvez JP quisesse apenas dizer: “Chegado da Dinamarca, fiz de tudo para arranjar suruma, mas ela era cara (...).

7 Comentários:

Às 2:28 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Caríssimo, que sejas bem-vindo e que a grande inspiracão que trazes continue o ano todo.

 
Às 7:14 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Apesar de nao ser grande apreciador de JP, é das músicas mais bonitas dele (na minha opinião)...Abraço

 
Às 7:17 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Boa posta...XÔ VICI! Já fazia falta a este blogue...

 
Às 7:19 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Boa posta sim senhor! LOL

 
Às 7:48 da tarde , Blogger Porto Tónico disse...

Vici,

O Palma deve ter tido dificuldade em arranjar uma rima melhor para "terra" e que fizesse um pouco de sentido com "chegado da...". Ora imagina um verso de subsituição do "chegado da guerra":

... " chegado da serra"...
... “em fuga do cão que ferra"...
... “de casa da Verra" (uma prima do JP que carrega nos “erres")
... “do meio da gera" (geração abreviada)

Tendo em consideração as possibilidades só dava para ter “chegado da serra” e com o JP em “fuga do cão que ferra”...

Abraço

 
Às 9:59 da manhã , Blogger VICI disse...

Isso sim, PT, é de artista... ;)

 
Às 6:37 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Ele devia era ter escrito "Fugido da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver, que se lixe a terra"

 

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