Espanha, olé!

No europeu de 1960, Franco proibiu Espanha de jogar a meia-final contra a ex-URSS (sendo que seria esta a ganhar a final desse ano). Em 1964, segundo rezam as crónicas, Amancio, em pleno Bernabéu, marcou aos 115 minutos o golo que deu a vitória na final aos espanhóis, precisamente ante a selecção oriunda da ex-URSS. Domingo, os nossos vizinhos ibéricos esperam repetir a festa de 64, desta vez contra a selecção bávara.

Não podem restar dúvidas sobre quem os portugueses devem apoiar! Dir-me-ão: “Eh pá, há razões históricas para não estar do lado desses castelhanos do caraças”. Nada mais errado! Em rigor, não temos nada que nos aproxime dos alemães (à parte essa unificante e enganadora classificação que dá pelo nome de Europa) e há razões objectivas para preferir os espanhóis: os alemães estão sempre a ganhar-nos, em Badajoz havia caramelos e a Leticia Ortiz é mais gira que a Angela Merkel.

Ontem vi a segunda parte da meia-final do Euro 2008. Quase consegui sentir o orgulho que os espanhóis sentem quando vêem a sua selecção jogar à bola. É o melhor futebol que se tem visto desde os tempos da França campeã do mundo! Ainda que não fôssemos ibéricos (o que obviamente somos e até bem antes de ser apelidados de europeus!), quem gosta de futebol não pode deixar de vibrar com a segurança de Casillas; com o incansável Xavi; com o pendular Fabregas; com a qualidade de passe de Iniesta; com Torres e Villa. A isto, acresce que os amantes da bola agradecem a Senna por se ter naturalizado espanhol (o melhor médio defensivo do Euro) e a David Silva por ter um pé esquerdo que, a espaços, faz lembrar os melhores de sempre (indiscutivelmente, a grande surpresa do europeu e, para mim, o melhor jogador do torneio).

Espero, por isso, que a Espanha consiga fazer aquilo que nós não conseguimos em 2004: levantar o caneco! Fazendo coro com Espanha e com os espanhóis: no nos moverán! ;)

Aupa España!