boa pinga v

quando comecei a apreciar o néctar de baco, sentia-me triste - talvez não seja a melhor palavra - por não haver vinho de renome no meu concelho. na verdade, Tomar, Portalegre, Chamusca, Avis (Cabeção), todos concelhos limítrofes, orgulhavam-se de ter vinhos conceituados. mas das vinhaças do concelho de Abrantes, aos costumes quase nada, excepção feita a alguns néctares a que os franceses chamam de "garagem", como o Le Coin Perdu que ficará para sempre imortalizado no filme de ridley scott "a good year", que, à semelhança da posta da semana anterior, aproveito para recomendar.

ora, tudo isto mudou aqui há uns anos e, agora, podemos encontrar excelentes vinhos do meu concelho.
um deles é o "Mythos", tinto 2004, do Casal da Coelheira, produzido no Tramagal, até aí mais conhecido por mor da metalúrgica duarte ferreira do que pela pinga.
ganhou prémios atrás de prémios o que, por vezes, pouco ou nada significa para as contas finais do campeonato.
depois dos concursos vieram provas. e com estas começou a entrar nos círculos e a agradar aos enófilos um pouco por todo o país.
tem touriga nacional, alicante bouschet, castas tipicamente tugas, temperadas com cabernet sauvignon.
envelheceu em barricas de carvalho francês e na prova conseguimos encontrar amoras e ameixas maduras. frutado e feito com as mais avançadas técnicas é um vinho para comprar e/ou, se conseguirem resistir, guardar por alguns anos . em 2012, quando se realizar o europeu de futebol, será um grande vinho para aqueles almoços de domingo antes do jogo dos quartos-de-final. sugestão: acompanhado por um bom prato de favas "porcalhotas".
ainda não encontrei à venda em Macau, mas custava entre 12 e 13 euros numa certa casa de vinhos do centro da cidade que dá nome ao meu concelho.