quinta-feira, setembro 11, 2008

Não façam isso aos rapazes!


Quem me conhece, sabe que não sou um grande adepto da gravata. Talvez por causa da influência (e calor) moçambicano, habituei-me a andar mais liberto (há quem diga desleixado, mas isso são as más línguas). Regra geral, uso a gravata só quando tenho de falar com clientes. E, em boa verdade, isso prende-se mais com o facto de não querer que o meu interlocutor se sinta menosprezado do que com qualquer acréscimo de confiança ou de solenidade que o seu uso me possa transmitir. Como não quero chatices e porque o estaminé não é meu, transijo no seu uso.

Não é necessária especial reflexão para perceber que o uso da gravata sempre esteve conotado com a posição social de quem a usa. Uma questão de status, dignidade e, até, algum elitismo. Segundo reza a melhor escola de historiadores (rectius, internet...), o seu uso terá surgido com Luís XIV. De facto, conta-se que os Croatas terão conquistado a Turquia para o Rei-Sol. Ao entrar vitorioso na capital conquistada, o exécito Croata envergava um lenço vermelho enrolado ao pescoço. Luís XIV gostou do que viu e instituíu o seu uso na corte francesa, inicialmente apenas um laço à volta do pescoço. Baptizou-a de “cravat" (croatcravat). Esta evoluíu e chegou aos nossos dias com o formato que adquiriu nos últimos séculos.

Noutro registo, também parece facilmente perceptível que a gravata é um dos principais símbolos fálicos que adornam a indumentária masculina. Dependurada (ainda que este facto dependa da goma que se lhe aplique e que a poderá, ou não, encrespar) e terminando, regra geral, numa seta apontando para o dito cujo. Há, inclusivé, quem a veja como um símbolo do poder masculino sobre o feminino.

Provavelmente, estará já o mais atento leitor a perguntar-se se não terei ensandecido de vez, ou qual será o propósito do que escrevo. Como não quero que a curiosidade vos angustie, passo a explicar sem delongas: já terão porventura atentado na forma desleixada como os nossos seleccionados usam a gravata (ver foto acima)? Nó mal executado; gravata desapertada e levemente torta; muito curta; enfim, várias disfunções se poderiam apontar aos jogadores da bola e ao uso que dela fazem. Creio que não estarei longe da verdade se afirmar que serão os próprios a desejar que não se façam paralelismos (ou chistes de má-fé) entre o símbolo e o simbolizado, não é assim? Principalmente o Miguel (que vem à frente), sob pena de deitar por terra anos e anos de tradição africana. Então do célebre Secretário, acho melhor nem falar...

Dando de barato que os jogadores concordam com o que acima avento, então mais vale deixarem de se armar ao pingarelho e passar a andar menos (mal) aperaltados! Que continuem a usar o raio do telemóvel, ipod e afins, mas que se deixam da gravata, pelos santinhos! Apelo daqui aos responsáveis pela indumentária da selecção: deixem de obrigar os pobres jogadores a andar com o adorno ao pescoço, porra! Em nome da masculinidade do Veloso e do Moutinho, pá! Só faltava obrigar a rapaziada a carregar um livro para efectivamente ler durante as inúmeras deslocações que fazem. Não, mil vezes não! Até porque assim o CR não podia ir...

Não façam isso aos rapazes!


P.S.: Esta posta não deve ser vista como uma reacção à triste figura de ontem. Aliás, estava escrita desde o passado fim-de-semana, para que conste.

4 Comentários:

Às 5:26 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Quem sabe (sem gravata) jogam melhor!!

 
Às 5:29 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Cá para mim o nó ainda devia ser mais apertado..e a conta bancária também...

 
Às 6:05 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Grande posta! Só te falta usar gravata. :)

 
Às 4:17 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Excelente posta..esta do Vici..Tb só uso a dita cuja em (casamento, baptizado ou funerais) Abraço

 

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