sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Regicídio.


No seguimento da posta de ontem, hoje é dia de falar do Rei D. Carlos, brutalmente abatido na Praça do Comércio, em Lisboa.

Faz hoje precisamente 100 anos que o Rei e seu filho, o príncipe Luís Filipe, foram assassinados por Buíça e Costa. O atentado foi a antecâmara de um processo que viria a culminar no fim da monarquia, que, já em 1908, se encontrava profundamente fragilizada pelo descontentamento popular que sobreveio à resolução da refrega diplomática com a Inglaterra em 1890 e pelas dívidas que a família real não se cansava de acumular. O desgaste havia aumentado com a ditadura administrativa de João Franco e o Partido Republicano retira um extraordinário proveito para a sua causa.

Independentemente de ser um crítico do sistema monárquico (sistema profundamente anacrónico e excessivamente atreito a prevaricações insustentáveis), não posso deixar de notar que o golpe que vitimou D. Carlos foi um atentado vil, quase terrorista, que em nada foi representativo do sentimento nacional, tendo apenas sido gizado por um pequeno número de pseudo elites intelectuais urbanas, sedentas de poder. Aliás, da incompetência da primeira república, resultou uma desordem social inusitada que viria a redundar no 28 de Maio de 1926.

Sei que recentemente correu uma petição visando que as bandeiras dos locais públicos fossem colocadas a meia-haste durante o dia de hoje, homenageando dessa forma o falecido Rei e o herdeiro ao trono. Foi negado provimento a tal pedido.

Uma fanfarra militar estava convidada a participar nas cerimónias do centenário da morte de D. Carlos, organizadas pelo Partido Monárquico. O BE, sempre afoito nestas coisas, protestou e o despersonalizado ministro fez-lhes a vontade: a fanfarra foi proibida de participar nas cerimónias.

Esclarecedor, de facto, constatar que os senhores que hoje são chamados a pronunciar-se sobre os preitos que legitimamente são devidos ao falecido Rei, optem por boicotar as cerimónias de homenagem a um homem que sempre foi bem mais português, trabalhador e honrado que essa canalhada toda junta!

Aqui fica a minha homenagem a D. Carlos e ao Príncipe herdeiro D. Luís Filipe.

16 Comentários:

Às 4:54 da tarde , Blogger Claudio Caniggia disse...

Caro VICI,

Em primeiro lugar uma “declaração de interesse”, monárquico me confesso, por razões que tanto são políticas como afectivas (talvez mais afectivas, admito, porque sempre vivi bem com o regime que temos em Portugal) e que não vem ao caso discutir.

Permite que te diga que o post que escreveste peca por descomunal defeito na qualificação que fizeste do crime do Terreiro do Paço: foi um verdadeiro acto de terrorismo perpetrado por uma organização, que embora tivesse uma cobertura legalizada chamada Partido Republicano Português, era na realidade um grupo terrorista ancorado na Carbonária. O período que se seguiu à apropriação do aparelho de Estado pelo Partido Republicano Português e pela Carbonária é - e isso é incontroverso - o período mais tristemente sanguinolento da vida politica portuguesa, como perseguições, purgas, bombas e assassinatos em catadupa. A República nasceu pela violência, encharcada em sangue de inocentes e também por isso é que demorou quase 70 anos a endireitar-se . . .

Já a tua qualificação da monarquia como um “sistema profundamente anacrónico e excessivamente atreito a prevaricações insustentáveis” fez-me sorrir; de facto a Suécia tem é de pedir lições de “mãos limpas” à republicana Itália. E os cidadãos do Reino Unido, como eles devem invejar as liberdades e o avanço civilizacional que têm os venezuelanos sob a égide do mais que votado e republicaníssimo Comandante Presidente Chavez!

PS – Já encomendei na livraria portuguesa a biografia do Rei D. Carlos, de Rui Ramos, que segundo parece é um livro excelente, depois de ler empresto-te.

 
Às 5:04 da tarde , Blogger VICI disse...

Caniggia,

Notável comentário que talvez devesse ter sido uma "posta".

Já conhecia as tuas inclinações monárquicas. E, em verdade te digo, que me esforçei por não ser tão contundente quanto deveria quanto ao acto de terrosimo que foi o regicídio.

Quanto à minha classificação da monarquia como anacrónica, não quero com isto dizer que a república que temos não anda perfeitamente defeituosa... Mas, essa discussão, deverá ser tida em local próprio, bem frequentado e longe de ouvidos (e olhos) indiscretos. ;)

Abraço!

P.S.: Aguardo que leias a biografia e a passes para este lado.

 
Às 5:27 da tarde , Blogger Ma Si Ka disse...

Concordo com o Vici, "valente" comentário o do Canigia.

Sobre o tema, o regicídio, tendo ele resultado na morte de duas pessoas, é por demais criticável.
Sendo essas pessoas, o então chefe de Estado do nosso país e o seu princípe herdeiro, mais reprovável considero o acto; concordo até com aqueles que consideram o episódio como um crime contra o Estado de Direito Português.
Mais, acho que nunca soubemos lidar, enquanto povo, com este episódio. Exemplo disso, é a incompreensível atitude dos "gadelhas" do BE.

Apesar disso, não considero que a partir deste facto histórico, possámos partir para a conclusão de qual dos dois regimes é melhor.

Concordo com o Vici quando nos diz que devemos discutir o facto em privado.

Pode ser que reapareça a ideia de criarmos a tão desejada Tertulia Lusitana em Macau.

Abraço

P.S. Kung Ei Fat Chói

 
Às 5:38 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Deixem jogar Makukula!

 
Às 5:54 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Ma Si Ka.. esqueceste-te de arrastar o ói e do z no fim!

 
Às 6:21 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

soslup so ratroc ed átse golb etse

 
Às 6:32 da tarde , Blogger Eu disse...

!!!etroc , àtse eS
Se está, corte!

 
Às 7:19 da tarde , Blogger Porto Tónico disse...

Se Vici estava inspirado, inspirado estava o caniggia. Brilhantes as "postas"! Concordo que maior dignidade deveria ser dada à data pelo execrável acontecimento.

No entanto, não será daqui que se pode partir para a discussão quanto à valia de cada tipo de regime e ao bom ou mau uso que os detentores das "rédeas do poder" fizeram dele em cada regime.

A demagogia (desculpem, a democracia) para já ainda será o melhor regime dentro de todos os regimes tão ou mais imperfeitos que se conhecem...vai sendo, mal mas vai.

P.s.- Mas se arranjassem um visionário chamado D. João II, "o principe perfeito" até era capaz de o apoiar.

 
Às 7:25 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Anónimo das 6.21 não corte os pulsos que "borra" isto tudo e nós aqui não temos licença de agência funerária.

"Vá-se matar" para outro blog.

 
Às 7:31 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Boas postas quer a do Vici ..quer a do Cannigia!! E quando se debatem ideias (mesmo diferentes) desta forma é louvável..Abraço

 
Às 7:38 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Acho que o ministro esteve bem em proibir a fanfarra, porque não cabe aos militares participar em manifestacões civis.Abr.

 
Às 11:32 da tarde , Blogger Claudio Caniggia disse...

Caros Ma Si Kai e Porto Tonico, nao estava a julgar a forma de estado republicana pelo deploravel episodio de 1908, nada disso. A forma de chefia de estado republicana ate tem funcionado bem e e' impossivel alimentar sonhos de restauracao da monarquia, o que torna bizantina a discussao sobre o tema. Nao posso e' deixar passar a confussao que me parece que atravessa a parte final do excelente comentario do Sr. Tonico . . . sera' que o meu amigo considera que uma monarquia automaticamente nao e' uma democaracia? olhe que as democracias que melhor funcionam sao precisamente as monarquias e alias ditadura e monarquia sao sistemas que nunca coabitaram bem . . . ja' as republicas, algumas delas, valha-lhes Deus Nosso Senhor . . .

 
Às 1:33 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Ó meus caros "postistas" Portugal esta mesmo a precisar é de um Regicídio.... não sei é se haverá regicidas e carruagens....

Subestimar os conspiradores e uma cultura romantica e revolucuonária, foi mesmo no tempo de D. Carlos.

 
Às 11:01 da manhã , Blogger Porto Tónico disse...

Olha o Xô Cannigia a querer tertúlia... (percebi onde querias chegar, bem apanhado!)

Embora haja democracias que funcionam bem “encabeçadas” sob o regime monárquico, não será pelo facto de ter um rei à “proa” que as mesmas funcionam melhor. Estás a falar, naturalmente, das monarquias do norte da europa nas quais a casa real têm, sobretudo, funções representativas pelo que a capacidade de intervenção nos restantes poderes é manifestamente residual, senão inexistente.

No entanto, em geral, cultural e historicamente, a mentalidade e a conduta política e cívica da população nesses países é propícia a uma democracia salutar que não se compara com a dos países do sul da europa. E isto faz a diferença pelo que está “meio caminho andado” para que o sistema político funcione “oleado”. O compadrio e o oportunismo político português não seria diferente se o nosso estado, embora sob a forma de governo democrático, assumisse o regime monárquico ou republicano.

Quanto à monarquia e ditadura não se darem bem, até pode ser verdade, mas o “hermano” Franco bem que soube preparar a “sucessão” (e monárquica) às portas da morte. Ademais, como qualquer outro regime, também degenera (Monarquia/abolutismo, Democracia/Demagogia, ...).

Porém, reconheço que a imagem de estado com um rei tem o seu “romantismo”, mas não he vejo valia em Portugal (a menos que fossemos uma amálgama de nações ou comunidades autónomas a carecer de motivo para uma união como acontece na Espanha, Bélgica ou Reino Unido...).

Da minha exposição retira-se, claro, o grande estadista e visionário D. João II, esse sim, seria uma valia. ;)

Abraços

 
Às 12:31 da tarde , Blogger Claudio Caniggia disse...

ah, ok, percebi, como somos dados a corrupções e somos meio atrasados, temos de ter um polícia na reforma, claro, necessariamente com carreira feita no PS ou PSD, a vigiar os malandros do Governo. :)

 
Às 1:12 da tarde , Blogger Porto Tónico disse...

Meu caro, seja quem for o "polícia" - rei ou um presidente da república - a cambada vai ser a mesma.

Só me falta dizer que o actual candidato ao trono teria meios e capacidade para dar um murro na mesa e pôr ordem na casa. Mais, que foi preparado com o melhor 'escol' político e desde criança, para assumir tal cargo e posição.

Acho que nem um bravo "porque no te callas" lhe saía!

Discutiremos em jantarada que se proporcione o tema. Entretanto vamos acabando com as juventudes partidárias e as claques de futebol! ;)

Abraço

 

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