acabou o futebol (profissional) na minha terra

como alguns sabem, nasci em Abrantes há 33 anos.
lá vivi 10 anos.
depois rumei a Lisboa onde estive 16 anos - com 1 de Paris pelo meio -, mas ía muitas vezes passar o fim-de-semana à terra, ver os meus progenitores e restante família.
a seguir vim para Macau.
entrementes, mais precisamente em 1999, foi fundado o Abrantes Futebol Clube.
começou na segunda divisão distrital de santarém e, em 3 épocas, estava na terceira. dois anos depois na segunda nacional onde se manteve até hoje, data em que foi desqualificado pela fpf do campeonato da segunda divisão, série C.
fiz-me sócio ainda em 99. ainda há duas semanas, de passagem natalícia, não se falava noutra coisa que não fosse a situação em que se encontrava. ainda assim paguei as quotas de dois anos. 60 euros.
muito ajudado pelo grupo lena no período de lua-de-mel com a câmara municipal, sempre viveu acima das possibilidades. tenho para mim que, mesmo nos tempos áureos, ía mais gente do concelho, predominantemente encarnado, ao Estádio da Luz do que aos jogos do AFC. ainda assim aguentou-se bem acima do que podia. acabou-se a lua-de-mel e o grupo lena divorciou-se da autarquia e, por causa de salários em atraso a alguns ex-atletas e a um ex-treinador, agora só futebol de formação e escolinhas podem pisar o excelente relvado do estádio municipal construído (pelo grupo lena) para o efeito. apesar de concordar que não havia outra coisa a fazer, é pena que outros clubes em situação parecida (estou a lembrar-me, assim num relâmpago, de um que veste de xadrez) não tenham o mesmo destino e que o bom povo da minha terra fique privado do sempre emocionante abrantes-eléctrico ou de um abrantes-nelas, etc.
ao carola, Alberto, presidente do clube, e dono de um dos melhores restaurantes da zona - o Santa Isabel - que tudo fez para que não fosse este o epílogo, o meu abraço. aos outros presidentes que por lá passaram, que por acaso até chegaram a delegados da liga aos jogos do campeonato sagres e vitalis e que muito contribuiram para que se chegasse a isto, talvez seja melhor que se mantenham por essa escola de virtudes e acompanhem sempre presidentes de clubes aos seus lugares nos camarotes dos estádios do país.