quarta-feira, agosto 31, 2011

Mais um!



Umas vezes com mais inspiração, outras com menos. Aqui e além com alguma boa disposição. A verdade é que o blogue completa hoje 5 anos. Obrigado a todos os que vão passando por aqui.

terça-feira, agosto 30, 2011

Senna.

Vi ontem e aconselho.


segunda-feira, agosto 29, 2011

Parabéns, jarreta!


quinta-feira, agosto 25, 2011

El Mago.

Depois de jogos como aquele em que ontem o SLB bateu o Twente, interrogo-me sobre o que mais faltará para que definitivamente se clone "El Mago" - passe a heresia, mas creio que neste caso até Bento XVI estaria de acordo.

opiniões há muitas....

Que Macau é um território reconhecidamente liberal, isso já todos o sabemos. Que em Macau não se cumprem muitas das regras que para alguns de nós são tidas como elementares, nomeadamente a de que só deveremos falar publicamente e com propriedade sobre um determinado assunto, quando o dominamos na integra, - sobe pena de corrermos o risco de estarmos a ser simplesmente demagogos - , isso também já não me surpreende.



O que me deixa atónito é a capacidade que alguns “estimados” residentes aqui da terra têm de opinar publicamente sobre matérias, que não dominam ou que pura e simplesmente não lhes dizem respeito, muitas vezes em violação de deveres da mais elementar ética profissional e ou deontológica. É muito comum ouvir-se uma voz “experiente e sabedora” a tecer comentários (muitos deles fraudulentos) sobre episódios acontecidos na RAEM. A tarefa eleva-se ao absurdo quando as “iluminadas” opiniões chegam aos jornais a coberto de artigos pouco rigorosos que ficam muito aquém de cumprir a sua função informativa.



Á partida não haveria qualquer tipo de problema, se a atoarda não tivesse qualquer tipo de repercussão pública, como quando é proferida na privacidade do lar ou perante o ambiente solidário e reservado de um encontro de amigos. O problema surge quando a cadeia de transmissão a transforma num boato e numa “verdade insofismável” que muitos dos interlocutores posteriores são capazes de confirmar a pés juntos por terem ouvido de “fonte segura”.





Como se diz na minha terra, “aí é que é o catano!!!”

Publico tal como a recebi.

"Perguntas (de adolescentes) para Mia Couto - uma entrevista inspiradora

Por Marina Azaredo

dia 19 de agosto de 2011

E se você tivesse a oportunidade de entrevistar um escritor? Pois os alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio São Luís, em São Paulo, tiveram. E não foi um escritor qualquer. Há duas semanas, os adolescentes estiveram com o moçambicano Mia Couto no auditório da escola. Em quase duas horas de conversa, os meninos não se intimidaram: fizeram perguntas inteligentes e não deixaram espaço para silêncios constrangedores (a propósito, veja o que
o escritor tem a dizer sobre o silêncio na oitava pergunta).

Eu estive lá para acompanhar a entrevista e, junto com os alunos, ri e me emocionei com as respostas de Mia. Ao final, ainda tive a chance de
perguntar a ele sobre a diferença que a Educação fez em sua vida. Confira abaixo a entrevista e encante-se com as histórias de Mia Couto, um dos maiores escritores africanos da atualidade. (Fiz questão de deixar as respostas na íntegra. Ficaram longas, mas valem a leitura, garanto!)

*1 - Você lutou pela independência de Moçambique durante a guerra civil. Como a sua vivência como militante da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) marcou o seu trabalho como escritor?

Marcou de várias maneiras. Foi um processo longo, de escolhas, de um certo risco em um dado momento. Foi algo que me ensinou a não aceitar e a não me conformar. É a grande lição que tiro, que também me ajuda hoje a estar longe desse movimento de libertação, que se conformou e se transformou naquilo que era o seu próprio contrário. Mas eu acredito que ser uma pessoa feliz e autônoma é uma conquista pessoal. Não se pode esperar que algum movimento social ou político faça isso por você. Isso é algo que resulta do nosso próprio empenho.

*2 - Como é ser escritor em Moçambique?

Vou contar um pequeno episódio que pode ajudar a responder a essa questão. Um dia eu estava chegando em casa e já estava escuro, já eram umas seis da tarde. Havia um menino sentado no muro à minha espera. Quando cheguei, ele se apresentou, mas estava com uma mão atrás das costas. Eu senti medo e a primeira coisa que pensei é que aquele menino ia me assaltar. Pareceu quase cruel pensar que no mundo que vivemos hoje nós podemos ter medo de uma criança de dez anos, que era a idade daquele menino. Então ele mostrou o que estava escondendo. Era um livro, um livro meu. Ele mostrou o livro e disse: "Eu vim aqui devolver uma coisa que você deve ter perdido". Então ele explicou a história. Disse que estava no átrio de uma escola, onde vendia amendoins, e de repente viu uma estudante entrando na escola com esse livro. Na capa do livro, havia uma foto minha e ele me reconheceu. Então ele pensou: "Essa moça roubou o livro daquele fulano". Porque como eu apareço na televisão, as pessoas me conhecem. Então ele perguntou: Esse livro que você tem não é do Mia Couto?". E ela respondeu: "Sim, é do Mia Couto". Então ele pegou o livro da menina e fugiu.

Essa história é para dizer que, para uma parte dos moçambicanos, a relação com o livro é uma coisa nova. É a primeira geração que está lidando com a escrita, com o escritor, com o livro. Nós, escritores moçambicanos, sabemos que escrevemos para uma pequena porcentagem da população, que são os que sabem ler e escrever. O livro tem uma circulação muito restrita. Mas, mesmo assim, as tiragens dos meus livros em Moçambique giram em torno de 6 mil, 7
mil exemplares, o que é um número alto. Quando comparo com as tiragens que faço no Brasil, posso dizer que o Brasil não vai muito além. O Brasil não lê tanto quanto pensamos. Se contarmos a população inteira do Brasil e apenas aquela que lê e compra livros, veremos que a situação é proporcional à de Moçambique.

*3 - O que os escritores fazem para promover o livro em Moçambique?

A Associação de Escritores de Moçambique faz encontros em escolas primárias e secundárias e em fábricas. E aí tentamos fazer alguma coisa. Mas os livros estão muito caros. É o trabalho que escritor faz, mas é uma panaceia, porque o resto não depende do escritor.

*4 - Quais são os maiores problemas de Moçambique hoje?

Antes de responder à pergunta, eu vou dizer uma coisa. A imagem que nós temos uns dos outros é feita muito de clichês, de estereótipos. Vocês também têm uma imagem feita fora. A primeira vez que eu vim a São Paulo, há alguns anos, fui protagonista de uma história engraçada. Quando eu estava saindo de Moçambique, disseram-me que São Paulo era perigosíssima, que havia balas perdidas, gente morrendo, e eu comecei a ficar cheio de medo. Uma das minhas filhas me dizia até que eu ia morrer. Na viagem de avião, que dura onze horas, eu vim pensando que era um perigo e que eu seria assaltado. Tinham me dito para tomar cuidado quando chegasse ao aeroporto, porque tinha saído na Globo - lá também temos Globo - que havia falsos táxis que raptavam as
pessoas.

E, de fato, eu já estava contaminado com aquela coisa. Quando cheguei, tinha um motorista da minha editora, mas ele não estava usando uniforme e não tinha nenhuma identificação. Eu logo perguntei se ele tinha identificação e ele disse: "Não, eu sou o Pepe". E foi me conduzindo por um corredor e dizendo que o carro estava lá no fundo. E o carro não era propriamente um táxi. E a ideia de que eu estava sendo raptado começou a soar na minha cabeça. Quando entrei no carro e sentei ao lado do motorista, eu já estava olhando para a frente e pensando "esses são os últimos momentos da minha vida, vou reviver todo o meu passado, como nos filmes". Até que o motorista pegou algo no porta luvas. Era uma coisa metálica, para o meu desespero. E ele estendeu essa coisa e disse: "Aceita uma balinha?". Vocês estão rindo, mas eu não tinha nenhuma vontade de rir, porque balinha lá não quer dizer a
mesma coisa que aqui. Quer dizer bala no sentido literal mesmo, projétil de bala. E aí eu só consegui pensar que estava sendo assaltado, que aquele homem ia me matar, mas que era o assassino mais simpático que eu podia encontrar.

Isso é para mostrar como construímos a imagem uns dos outros. A imagem que se tem da África fora da África é sempre associada à fome, à miséria, à guerra. Mas os africanos não vivem todos assim. Eles são felizes, são construtores de vida, têm uma vida social riquíssima, têm culturas diversas, é o lugar no mundo onde há mais diversidade do ponto de vista linguístico e cultural. Então os problemas que temos são os mesmos da maior parte dos países africanos. Têm a ver com a miséria, têm a ver com o fato de que a sua própria história é muito recente. Moçambique teve uma guerra civil de 16 anos, em que morreram muitas pessoas. Quando morre uma pessoa, tanto faz se é militar ou civil, mas o que é mais triste é que as guerras da África são guerras que matam sobretudo os civis. Os soldados morrem pouco, porque muitas vezes se transformam em forças descomandadas, já que não existe um Estado forte e não há territórios definidos. Mas a África toda não é isso, há grandes histórias de sucesso. Moçambique é ao mesmo tempo uma grande história de sucesso, porque a guerra acabou em 1992 e, quando eu pensava que nunca mais ia ver a paz, o governo conseguiu instalar a paz juntamente com a sociedade civil. E hoje Moçambique é um grande parceiro internacional de investimento e de outros governos. Por exemplo, hoje o Brasil está muito presente em Moçambique, com projetos de construção, de estradas, portos, barragens etc. Portanto, acho que Moçambique vive hoje um momento muito feliz. Mas continua sendo um dos países mais pobres do mundo.

*5 - Com sua obra, você conseguiu apresentar a realidade de um país, e até de um continente. Como é a sua relação com Moçambique?

Eu não me considero representante de Moçambique, me considero apenas representante de mim mesmo. Eu tenho duas dificuldades: eu sou de um continente em que os brancos são minoria. Os brancos moçambicanos são minoria. Num país de 21 milhões, os brancos são 10 ou 20 mil. Portanto, eu não poderia ser o representante de qualquer coisa, se é que existe isso de representatividade. E a outra dificuldade é que eu tenho nome de mulher. Agora já não acontece tanto, mas antes, quando eu ia visitar um outro país, muitas vezes estavam esperando uma mulher negra. E eu ficava no aeroporto esperando que alguém viesse falar comigo e nada. Já tive desentendimentos terríveis.

Uma vez fui visitar Cuba e tinham organizado um presente para cada membro da delegação de jornalistas. Voltei com uma caixa de presentes. Na época, vivíamos em guerra. E, na guerra em Moçambique, nós vivíamos em uma situação-limite, não tínhamos nada. Nós saíamos de casa em busca de coisas para comer. Era essa a situação que meus filhos tinham de enfrentar todos os dias. Então eu estava fascinado com aquela coisa de ter ganhado um presente. Quando cheguei em Maputo, abri aquela caixa e eram vestidos, brincos, eram coisas para uma mulher, para a senhora Mia Couto. Então eu não me sinto representante nesse sentido, mas sinto que o fato de seu ser conhecido hoje fora de Moçambique me obrigar a ter uma responsabilidade para com o meu
próprio país. Então, quando estou fora, eu tento divulgar a cultura de Moçambique, os outros escritores. Trago livros de escritores moçambicanos e entrego às editoras, para saber se é possível que sejam editados etc.

*6 - E com Portugal?*

Eu sou descendente, sou filho de portugueses e tenho uma relação com
Portugal muito curiosa, porque eu não conhecia Portugal até eu ser adulto. Só fui a Portugal quando eu comecei a publicar meus primeiros livros. E era uma coisa muito estranha, porque a concepção africana de lugar é que o lugar é nosso quando os nossos mortos estão enterrados no lugar. E eu não tenho mortos em Moçambique, infelizmente. Então os meus mortos estão enterrados em algum lugar no norte de Portugal. E eu fui ver esse lugar. Eu queria ver justamente porque queria ter essa relação quase religiosa com o lugar.

O que acontece é que os meus pais imigraram para Moçambique quando eram jovens, tinham 20 anos, e viveram toda a sua vida lá, nunca mais tiveram relação com Portugal. E eles contavam histórias de um país que, ao mesmo tempo que me fascinava, era uma coisa muito distante. O que acontecia é que a minha mãe, ao contar histórias sobre a sua família, seus tios e avós, trazia para mim e para meus irmãos uma presença que nos fazia muita falta, porque todos os meus amigos tinha avós, tios e falavam dos primos. Eu não tinha ninguém. A minha família eram os meus pais e os meus três irmãos. Então o que a minha mãe fazia ao contar histórias era inventar a família inteira. Eu precisava ter um sentimento de eternidade que era conferido por essas histórias que a minha mãe contava. Mas eram quase todas mentira, quase todas eram inventadas por ela.

*7- Qual é a sua opinião sobre a reforma ortográfica?

Eu não sou a favor. Considero que alguns dos motivos que foram invocados para a reforma ortográfica não são verdadeiros. E acho que é uma discussão com a qual os portugueses, principalmente, ficaram muito nervosos, porque, para Portugal, mexer na língua é uma coisa muito sensível. Algumas pessoas de Portugal acreditam que a língua é a última coisa que eles têm, que é a primeira e última coisa que têm, é um sentimento imperial da sua própria presença no mundo que foi posto em causa. Mas a minha questão não é essa. É que eu sempre li os livros dos brasileiros e nunca tive problema nenhum, nunca tive dificuldade nenhuma. Para vocês, que estão lendo meus livros em português de Moçambique, existe alguma dificuldade particular por causa da grafia? Ou a dificuldade é o resto e essa é a única coisa que não é difícil?

Eu acho inclusive que haver uma grafia que tem alguma distinção, um traço de distinção pode trazer um outro sabor a uma escrita. E os brasileiros conhecem muito pouco de Moçambique, de Angola ou de São Tomé. Às vezes eu ando na rua e tenho uma dificuldade enorme para explicar quem eu sou. Na verdade, isso eu não sei explicar, mas a dificuldade é para explicar de onde eu venho. Quando falo que não sou de Portugal, sempre fica uma coisa difícil. Fazem as perguntas mais estranhas sobre o que pode ser Moçambique, se é um país que fica perto do Paraguai, por exemplo. Então a distância entre nós não é um problema que deriva da ortografia, deriva de outras coisas, de política, de uma falta de interesse, de um distanciamento. Isso não será resolvido mudando o acordo ortográfico.

*8 - O que pode mudar a imagem negativa que muitas pessoas têm da África?*

Há várias Áfricas e eu estou falando daquela que eu conheço. Essa África que eu conheço sobrevive por um espírito de solidariedade, de abertura e de respeito com os outros. A forma que os africanos têm de se abordar, de saber um dos outros é uma coisa genuinamente autêntica. Quando eu estou cumprimentando alguém, quando estou falando com alguém, eu dou espaço para o outro. Então há uma lição de escutar os outros. Eu nunca falo quando o outro está falando, dou espaço, não tenho medo do silêncio, que é uma coisa que acontece aqui. As pessoas estão conversando, de repente há um silêncio, e isso é um peso, é uma coisa da qual temos que nos libertar, é uma ausência. Na África, essa ausência não existe. Nesse silêncio, há sempre alguém que fala. São os mortos. Por exemplo, a relação com o corpo. É preciso ter tempo para encontrar alguém. Quando eu estou falando com um homem, eu cumprimento com um aperto de mão. Mas o aperto de mão não é igual, tem um ritual. Depois do aperto, a mão fica na mão da outra pessoa. Não tem nada a ver com interpretação gay. A mão fica na mão da pessoa com quem estamos falando, e essa mão não tem peso, é uma mão leve. Porque se fala com o corpo. Temos essa liberdade de poder usar o corpo para dizer coisas que não podem ser ditas pela palavra. São coisas pequenas que nos mudam muito interiormente. É uma capacidade de estar disponível para os outros. E capacidade de ser feliz.

Eu também encontro muito isso no Brasil. Tem a letra de música brasileira que diz "levanta, sacode a poeira, dá volta por cima". Eu acho que isso é, em grande parte, uma herança africana. Isto é para não ficar lamentando a desgraça. Eu acho que, se os europeus vivessem as dificuldades que vivem os africanos, eles seriam muito amargos. Aliás, já são. A forma como os africanos celebram a alegria de viver e o fato de que qualquer momento é um momento de festa, de celebração, de dança, de canto, acho que é outra coisa que é importante aprender. Há uma tolerância profunda. Vocês vão ouvir mil histórias sobre intolerância, e essas histórias também são verdadeiras. O mundo é feito dessa coisa contraditória, mas a verdade é que há uma tolerância muito grande. Essa tolerância nasce de uma coisa. O que eu vou dizer agora é muito importante: a África só pode ser entendida se vocês perceberem que a África tem uma outra religião. Essa África negra tem uma outra religião. Essa religião não tem nome. Não é o candomblé, não é a umbanda, é outra coisa. É uma religiosidade que não se separou das outras esferas do pensamento. Não é um sistema de pensamento. Na África que eu conheço, existem os deuses das famílias. Você tem os seus deuses, eu tenho os meus deuses. Isso significa que eu não estou muito preocupado em te convencer de que existe uma verdade só, que é uma coisa muito típica das regiões monoteístas, que é uma verdade que tem de ser imposta ao outro e o outro tem de seguir esse princípio. Você pode ter a sua verdade, eu tenho a minha, e está tudo certo. Acho que essa é a razão para os africanos terem essa tolerância."

quarta-feira, agosto 24, 2011

Eterno número 7.

Hoje, o SLB joga o acesso à Liga dos Campeões. Provavelmente, sem um único português na equipa titular. Inevitável é sentir-me transportado para os meus tempos de menino e moço, quando no meu clube ainda havia portugueses a jogar à bola e o meu ídolo de miúdo era o número 7 que nunca sujava os calções...



Enfim, seja como for, boa sorte para o SLB!

Rock Mafia (feat. Miley Cyrus).

Bela música. E não só.


terça-feira, agosto 23, 2011

Ayrton Senna - The right to win.


Asif Kapadia realizou recentemente um filme sobre Ayrton Senna. Senna morreu em 94, precisamente no dia em que fiz 18 anos. Nunca foi o meu piloto favorito (sempre preferi o Piquet e o Prost), mas não posso deixar de lhe reconhecer qualidades únicas. Aliás, Senna é, para muitos, o melhor de sempre. Enquanto, tal como eu, não têm oportunidade de ver o filme de Kapadia, nada melhor que passar os olhos por este excelente documentário. Aconselho vivamente.


segunda-feira, agosto 22, 2011

Os pacotes de açúcar.

Nunca fui gajo de levar muitas reguadas na escola (sim, quando andava na primária, se fazia asneira, levava! - enfim, bons tempos). Ora, aproveito ainda para acrescentar que, as que me caíram no pêlo, foram inteiramente justas. Pois bem, se algum dia tivesse tido o desplante, despautério e desfaçatez de escrever algo como "perentório" e "hei de", seguramente a velha régua teria funcionado; e, também aí, com inteira justiça. Agora, dizem os pacotes de açúcar na Tuga, é mesmo assim que se deve escrever. Nesta senda, propõe o HB (gajo de português vicentino que se senta no gabinete aqui defronte) que se seja mais ambicioso e se reconheça a correcção do tão popular "hádes", como em "ó pateta!, com tanta mudança, um dia ainda hádes conseguir escrever e falar sem erros".

sexta-feira, agosto 19, 2011

Loucos vampiros.

Nos EUA, um tipo de nome Lyle Bensley foi detido quando se preparava para morder o pescoço de uma mulher. Humm, é melhor explicar-me: não era uma mordidela lasciva ou folgazona, que essas raras vezes dão prisão – a não ser que sejam daquelas que o Strauss-Kahn costuma aplicar. O tipo em questão diz ser um vampiro com 500 anos e até pediu aos polícias que o prendessem para não matar ninguém. E é giro ver uma fotografia do gajo: vampiro da moda, de tatuagem e brincos nas orelhas. Claro que já está na ala psiquiátrica da prisão de Gavelston. O Mourinho que ponha os olhos nisto, pois está a um dedo de morder pescoços. E atenção que em Espanha, aqui há atrasado, queimar gajos destes na fogueira era mato.

COMO CHAMAR A POLÍCIA EM PORTUGAL...

Recebido por email.

"Tenho um sono muito leve, e numa noite destas notei que estava alguém a andar sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei-me em silêncio e fui acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta a passar pela janela do quarto.

Como a minha casa até é muito segura, com alarme, grades nas janelas e nas portas, não fiquei preocupado, mas claro que eu não ia deixar um ladrão andar ali tranquilamente.

Telefonei para a polícia, a informar sobre a ocorrencia e dei a minha morada.
Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não. Então disseram-me que não tinham nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém logo que fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:
- Eu liguei há pouco porque estava alguém no meu quintal. É para informar que já não é preciso muita pressa, porque eu já matei o ladrão com um tiro de uma pistola calibre 9 mm, que tinha guardada cá em casa, já há anos para estas situações. O tiro fez um belo buraco no pobre diabo!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um carro do INEM, uma unidade de resgate, duas equipas da TVI, uma da SIC e um representante duma entidade de direitos humanos.
Acabaram por prender o ladrão em flagrante, que ficou boquiaberto a olhar tudo o que se estava a passar, com cara de parvo.
Talvez ele estivesse a pensar que aquela era a casa do Comandante Geral da PSP.
No meio do tumulto, o policia encarregue desta operação, aproximou-se de mim e disse-me:
-Pensei que tivesse dito que tinha morto o ladrão !!!
Eu respondi:
- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível!"

quinta-feira, agosto 18, 2011

Portugal na final!




Parabéns a Ilídio Vale e à selecção de futebol de sub-20!

Estive a ver o jogo e percebi que há ali alguns jogadores que se destacarão num futuro próximo. Isto é, se os clubes portugueses deixarem de lado as negociatas e as importações de contentores de sul-americanos de duvidosa qualidade. Exemplo paradigmático do que vem dito é a política seguida pelo Benfica. De facto, sendo o clube que mais jogadores dá a esta selecção, seria esperado que prestasse uma atenção reforçada nos seus talentos. Ora, soube recentemente que Sana e Danilo foram... dispensados. Incompreensível! Pior: trata-se de gestão danosa!


Enfim, voltando à equipa das quinas, importa referir que o futebol praticado é excessivamente defensivo. A prova são os constantes apupos que vêm do público (ou isso ou há mais franceses a residir na Colômbia do que eu pensava). Ora, é verdade que Portugal ainda não sofreu qualquer golo; é verdade que poderá sagrar-se campeão; mas também é incontestável que as exibições produzidas são verdadeiramente cinzentas (à imagem do seleccionador). Contudo, a equipa mostra uma cultura táctica e uma maturidade notáveis. E, sendo esta a sua maior arma, é igualmente o seu maior pecado. Os jogadores estão constantemente a queimar tempo; lançam-se à relva amiudadas vezes; jogam com os nervos do adversário e do árbitro de forma cínica. Confesso que não me agrada ver uma selecção tão jovem jogar de forma tão maquiavélica. Agora vem o Brasil que, indiscutivelmente, tem jogadores mais talentosos. Não obstante, a equipa portuguesa é bem mais consistente e tem uma enorme capacidade de superação. Julgo, por isso, que vamos vencer.


Boa sorte, Portugal!

sexta-feira, agosto 12, 2011

Leão da Estrela

Com o início da época futebolística e como tudo parece estar a caminho das trevas, aqui fica o que devia ser o futebol: alegria!

sexta-feira, agosto 05, 2011

Isto lembra-me alguém...

O Engraxanço e o Culambismo Português
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'


Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.
Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores,os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas.Ninguém gostava de um engraxador.

Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing.Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.

(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Mysteries of Lisbon.

A não perder.