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Por A BOLA
A BOLA promove a partir de hoje a eleição da melhor equipa de sempre na história do futebol.
Hungria de 1954
Grosics; Buzansky, Bozsik, Lantos; Lorant, Zakarias, Czibor, Toth, Hidegkuti; Kocsis, Puskás;
Treinador: Gustav Sebes;
Com uma equipa nacional inspirada no Honved, que em 1954 tinha Grosics, Bozsik, Lorant, Czibor, Kocsis e Puskás, a Hungria aplicou pela primeira vez com real inspiração e sucesso a táctica do W M, letras que a disposição dos jogadores desenhavam no relvado, uma inspiração da Inglaterra dos anos 30. Este sistema primordial acabaria por tornar-se inspirador para brasileiros e holandeses, por exemplo. A presença na final do Mundial-54, perdido por 2-3 para a República Federal da Alemanha, foi a pedra no sapato de uma selecção húngara que durou para sempre. Czibor e Kocsis mudar-se-iam para o Barcelona pouco depois; Puskás faria história no Real Madrid, marcando definitivamente o rumo do futebol mundial.
Real Madrid de 1960
Dominguez; Marquitos, Santamaria, Pachin; Vidal, Zarraga, Canario, DelSol, Di Stéfano; Puskás, Gento;
Treinador: Miguel Muñoz;
Esta equipa, de 1960, foi a que conquistou pela quinta vez consecutiva a Taça dos Campeões Europeus, de resto as cinco primeiras da competição. Foi o balanço que levou o Real Madrid a ser, ainda hoje, a equipa com mais vitórias na prova, nove. Na última final desta série, o futebol voador do Real Madrid resultou em sete golos aos alemães do Eintracht de Frankfurt: 7-3, a final com mais golos de sempre. Eram tempos de Di Stéfano, jogador que não tinha lugar no campo, que jogava em todo o lado, e de Gento, que venceu seis Taças dos Campeões, de 1955 a 60 e depois em 66! A equipa de 1960 era treinada por Miguel Muñoz, que já tinha vencido a prova como jogador e depois o fez como treinador. Também por isso ficou na história.
Benfica de 1962
Costa Pereira; Mário João, Cruz, Germano, Ângelo; Cavém, Coluna, José Augusto, Eusébio, António Simões; José Águas;
Treinador: Béla Guttmann;
O Benfica já tinha sido campeão europeu em 1961, ainda sem Eusébio e logicamente num estilo e onze diferente. Seria em 1962, já com um ataque formado por Eusébio, José Augusto, Águas e Simões. Um ataque que nas finais europeias de 1963, 1965 e 1968 teria Torres, outra lenda, em vez de José Águas. Era um Benfica de fama mundial e que, de resto, seria a base incontornável da Selecção Nacional que em 1966 terminaria o Mundial de Inglaterra num até hoje imbatível terceiro lugar. O futebol ofensivo do Benfica chegava de todos os lados e com igual força: pela velocidade imparável dos alas, pela inteligência perspicaz de Águas e depois pela altura de Torres e, se tudo o resto falhasse, por Eusébio.
Manchester United de 1968
Stepney; Brennan, Foulkes, Sadler, Dunne; Crerand, Stiles, Bobby Charlton; George Best, Kidd, Law;
Treinador: Matt Busby;
Até 1968 a Taça dos Campeões Europeus foi dominada por espanhóis, portugueses e italianos. Em 1967, os escoceses do Celtic venceram o Inter, mas só em 1968 uma equipa britânica, desta feita inglesa, o faria com talentos à escala mundial, casos de Bobby Charlton e George Best e Dennis Law. O primeiro, com fama de senhor inglês, o segundo, falecido em 2005, um norte-irlandês boémio e irresponsável que conseguiu, por outros caminhos, igual admiração. E o terceiro, escocês, avançado que não jogou, lesionado, a final com o Benfica (4-1) mas que fazia parte do grupo de 68. O característico futebol britânico, já campeão do Mundo em 1966, podia mostrar ao mundo o estilo de kick and run que, nas mãos de Matt Busby, era único.
Brasil de 1970
Féliz; Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; Jairzinho, Gérson, Clodoaldo, Rivelino; Tostão, Pelé;
Treinador: Mário Zagallo;
O treinador Mário Zagallo, que ao vencer o Mundial de 1970 com o Brasil conseguiu o feito de ser o primeiro de sempre a vencer o torneio como jogador (1958 e 1962) e depois técnico, treinava um onze de sonho e que terá sido o melhor de sempre da história do país. Todos os futebolistas jogavam no campeonato brasileiro. O líder, claro, era Pelé, do Santos, que ganhava o seu terceiro mundial, depois de 1958 e 1962. Era um futebol que era um abuso. O Brasil venceu os seis jogos da prova, marcou 19 golos em seis jogos, os seus craques faziam fintas que chegavam a envergonhar o adversários, tal a superioridade. A revista World Soccer, em 2007, considerou o Brasil de 1970 a melhor equipa da história do futebol.
Holanda de 1974
Jongbloed; Rijsbergen, Haan, Suurbier, Jansen, Krol; Neeskens, Van Hanegem, Cruyff; Rep, Rensenbrink;
Treinador: Rinus Michels;
Rinus Michels, o treinador, inventou um futebol total, em carrossel, onde os jogadores tinham posições apenas ligeiramente definidas. Parecia magia. No meio de tudo, Cruyff, o génio que, em 1974, depois da formação no Ajax, já estava em Barcelona. Crescera no Ajax, porém, tricampeão europeu em 1971, 1972 e 1973. Aliás, a maior parte da fornada era do Ajax: Rep, Neeskens, Krol, Suurbier e Haan. Esta Holanda foi vice-campeã Mundial em 1974 e deixou uma marca inesquecível, modernizando o entendimento do jogo pela inteligência, movimento, elegância. Clockwork Orange, de 1971, filme de Kubrick traduzido para português como Laranja Mecânica, estava fresco. A cor laranja da Holanda permitiu associação.
Bayern de 1975
Maier; Schwarzenbeck, Beckenbauer, Hansen, Horsmann; Roth, Dumberger, Kapellmann, Rummenigge; Muller, Hoeness;
Treinador: Dettmar Cramer;
Começou com a vitória no Campeonato da Europa de 1972. A Alemanha já era liderada pelo defesa Beckenbauer, carismático, corajoso, tecnicista, rápido. Seguiu-se o título mundial de 1974, em Munique, frente à Holanda (2-1). Era uma equipa gélida, concentrada, forte, agressiva, parecia imbatível. A base era o Bayern, que em 1973/74 vencia a Taça dos Campeões Europeus. No ano seguinte perdia Breitner, mas manteve o ritmo, conquistando a prova outra vez nos dois anos seguintes com o treinador Dettmar Cramer que, ainda que importante, ficou um nome secundário quando comparado com o treinador Beckenbauer. Já efectivamente no cargo de treinador, o kaiser seria campeão mundial com a Alemanha em 1990.
Liverpool de 1978
Clemence; Neal, Hansen, Hughes, Thompson; McDermott, Souness, Case, Raymond Kennedy; Dalglish, Fairclough;
Treinador: Bob Paisley;
Uma obra do treinador Bob Paisley, que, como jogador e treinador, esteve 44 anos no clube. Em 1978, o Liverpool sagrou-se bicampeão europeu. Já Dalglish no lugar do também histórico Keegan, que ganhara o título europeu um ano antes. Mas os outros dez eram os mesmos do ano anterior.. Ainda com Paisley, em 1980/81, e praticamente com a mesma equipa outra vez, o Liverpool volta a sagrar-se campeão europeu, confirmando o poder e a durabilidade rara do núcleo de jogadores. Era uma equipa de combate perfeita. Já sem Paisley, com Fagan a treinador um onze com Neal, Hansen, Kennedy, Souness, Dalglish e Rush, os reds venceriam outro título europeu em 1983/84. Foi um período central para um clube lendário.
Brasil de 1982
Valdir Perez; Leandro, Óscar, Luizinho, Júnior; Falcão, Sócrates, Cerezo, Zico; Careca, Élder;
Treinador: Telê Santana;
O Brasil de 1982 não foi campeão do Mundo, na verdade chegou, em Espanha, apenas às meias-finais, caindo aos pés da frieza italiana. Porém, a equipa orientada por Telê Santana e que, no campo, seguia a passada larga do Doutor Sócrates ficou na história do futebol como uma das mais elegantes de sempre. Só faltou o avançado Careca, que se lesionou antes do Mundial e foi substituído pelo menos cotado Serginho. A selecção que os brasileiros trouxeram à Europa era um grupo sem vícios europeus. Apenas Falcão, que então jogava na Roma, actuava fora do Brasil. Era uma equipa em estado de pureza artística, talvez a última do género. Não ganharam, mas se tivessem ganho se calhar não estavam na história.
Argentina de 1986
Pumpilo; Cuciuffo, Brown, Ruggeri, Baptista; Enrique, Burruchaga, Giusti, Olarticoechea; Maradona, Valdano;
Treinador: Carlos Bilardo;
Às vezes é difícil recordar mais do que dois ou três jogadores da Argentina campeã do Mundo em 1986. Surgem os nomes de Valdano, Burruchaga e, evidentemente, Diego Armando Maradona, que a maior parte das pessoas, talvez para compensar, conhece pelos três nomes, como se fossem três jogadores num só. A Argentina de 1986 ficou na história não tanto por equipa, mas por jogador. O nome da equipa, aliás, bem podia ser Maradona 1986. Caso raríssimo de dependência do génio. A Argentina do treinador César Luís Menotti, campeã do Mundo em 1978, com Mario Kempes no campo, também deixou a sua marca na história, mas a luz de Maradona no futebol mundial ilumina tudo só por si.
Milan de 1989
Galli; Tassotti, Costacurta, Baresi, Maldini; Colombo, Rijkaard, Ancelotti, Donadoni; Gullit, Van Basten;
Treinador: Arrigo Sacchi;
Metade da equipa jogava e pensava de forma italiana, metódica, organizada, tal como queria o treinador Arrigo Sacchi. A outra metade, porém, sobretudo a metade que atacava, era fortemente influenciada pelo espírito holandês que impunham Rijkaard e, sobretudo, as super-estrelas Ruud Gullit e Marco van Basten, absolutamente incontornáveis na história do futebol europeu nos anos 80 e 90. Estes três holandeses, de resto, foram determinantes no título europeu da Holanda em 1988. Todos juntos, com os italianos, venceram no Milan, no final dos anos 80 e primeiros anos dos 90, dois campeonatos, duas Taças dos Campeões (uma ao Benfica), duas Supertaças europeias e duas Taças Intercontinentais.
Barcelona de 1994
Zubizarreta; Koeman, Ferrer, Nadal; Guardiola, Bakero, Sergi, Laudrup; Beguristain, Stoichkov, Romário;
Treinador: Johan Cruyff;
O Barcelona foi campeão europeu em 1991/92, já treinado por Cruyff e com Zubizarreta, Ferrer, Koeman, Guardiola, Laudrup, Stoichkov e Baquero na equipa, mas seria em 1994, depois da decisiva chegada do avançado brasileiro Romário, que atingiria o seu expoente de qualidade, mesmo que, em nova final da Taça dos Campeões, tenha perdido 4-0 com o Milan, em 1993/94. Em Espanha, este grupo venceu os títulos de 1991, 1992, 1993 e 1994. A facilidade do jogo dos catalães, a forma provocatória com que Romário era colocado à frente do guarda-redes pela torrente de futebol ofensivo ganhou dimensão onírica. Na Catalunha começaram a chamar-lhe Dream Team. No resto do Mundo também.
França de 2000
Fabien Barthez; Thurm, Blanc, Desailly, Lizarazu; Vieira, Deschamps, Djorkaeff, Dugarry, Zidane; Henry;
Treinador: Roger Lemerre;
A vitória no Mundial de 1998 foi o primeiro passo da história, mas a confirmação da excelência do grupo liderado por Zinedine Zidane veio em 2000, no Campeonato da Europa, com outra vitória. Era uma equipa já sem Petit, Karembeu e Guivarc'h, mas com mais balanço, mais ligação. Era um grupo paciente, que misturava experiência e juventude, com jogadores espalhados pelos grandes da Europa, uma representação de tempos modernos, mais livres. No Europeu, os franceses até ficaram em segundo no grupo e nunca tiveram vida fácil a eliminar: 2-1 à Espanha, 2-1 a Portugal, 2-1 à Itália, na final. Não era futebol típico francês, longe disso. Era tudo calculado por Zidane, ao milímetro, nada parecia ao acaso.
FC Porto de 2004
Vítor Baía; Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente; Costinha, Pedro Mendes, Maniche, Deco; McCarthy, Derlei;
Treinador: José Mourinho;
Depois de ter vencido a Taça UEFA em 2003, José Mourinho, avançada para a conquista da Champions com o FC Porto, projecto nessa altura visto como impossível. Não era. Mourinho ganhou e saiu, dizendo que era especial. De lá para cá, o setubalense continua a caminho de, tão simplesmente, se tornar, se mantiver o ritmo, no técnico mais premiado e vencedor de sempre. Aquele FC Porto tinha craques como Baía (um dos futebolistas com mais títulos na história), Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Costinha, Maniche, Deco ou Derlei. Era a base da Selecção que foi à final do Euro-2004 e às meias do Mundial-2006. Mas, mais que uma equipa, era um treinador a entrar na história.
Barcelona de 2010
Valdés; Dani Alves, Puyol, Piqué, Abidal; Busquets, Xavi, Iniesta; Pedro, Messi, Villa;
Treinador: Pep Guardiola;
A equipa treinada por Pep Guardiola, antes aluno do barcelonismo, hoje professor, ganhou seis troféus em 2008/09, então ainda com Eto'o no ataque. Era já um grupo com muito espaço conquistado na Espanha que venceu o Campeonato da Europa de 2008. Mas aprimorou, cresceu para os lados do impossível. O argentino Messi está no pódio dos melhores do Mundo há quatro anos (inédito) e vence há dois seguidos. Além do mais, o pódio da Bola de Ouro foi inteiramente do Barça: com Messi, Xavi e Iniesta. E jogam como raramente se viu, parece magia, coisa que provoca quase tonturas. E, claro, ainda Puyol, Piqué, Busquets, Pedro, Villa, Valdés, todos campeões do Mundo por Espanha em 2010.