1700 é a media de espectadores nos jogos do União de Leiria! E, se calhar, ainda bem que são tão poucos...
Os Portugueses são um dos povos mais laxistas que conheço. Temos as nossas qualidades: somos, em regra, prestáveis e honrados. Mas somos laxistas e condescendentes quando o não deveríamos ser. Paradigmática é a forma como olhamos a política: possuímos uma das mais boçais e incompetentes classes políticas da Europa, mas temos para com eles uma atitude permissiva. Quase como se a ladaínha popular do “deixa-andar” torne aceitável que um político possa ser um trafulha!
Ora, acontece que chegado a um campo de futebol, qualquer português passa a assumir uma atitude “à mourinho” e fica a considerar-se um autêntico special one. Aconteceu no sábado, em Leiria. A equipa das quinas mostrou-se ante um público que mais não fez do que assobiar a selecção nacional desde o início do jogo.
A equipa jogou mal, é verdade, mas o que interessa agora é estar presente no Europeu. Os assobios dessa gente, tão conhecedora e exigente, poderiam ter minado os nossos objectivos. Da maneira que se me antolha, os que estiveram presentes no estádio deveriam estar orgulhosos das imensas alegrias proporcionadas pela nossa selecção. Mas não! Ao invés, preferiram apupar, como se a exigência que vimos em Leiria fosse o reflexo da nossa mentalidade colectiva...
Porquê, então, os apupos em Leiria? Será porque os que lá foram estão habituados (pelo menos os 1700 que ainda lá põem os pés) à qualidade da equipa que representa a cidade? Talvez não, tendo em conta que a União de Leiria se encontra actualmente no último lugar do campeonato com 3 pontos em 30 possíveis...
Há uns anos, em Aveiro, passou-se o mesmo. Na altura, Rui Costa saiu em defesa da equipa, dizendo que havia uma moda do assobio e que parecia que as pessoas já iam para o estádio com esse fito no horizonte. O mesmo se poderia aplicar ao público presente em Leiria, que aos 15 minutos de jogo já assobiava a equipa Lusa.
Da próxima, façam um favor a todos nós: poupem dinheiro e fiquem em casa! Vão antes ao teatro! Ou ao cinema! É que nestes casos, quando não gostam do espectáculo, não têm outro remédio a não ser levantar a peida e ir embora! Tivessem feito o mesmo no passado sábado, ao invés de terem ficado a projectar frustrações...
Hoje, Portugal joga o último e decisivo jogo contra a Finlândia. Não quero que Portugal jogue bem, quero que ganhe (ou empate) e esteja presente, pela quarta vez consecutiva, num Campeonto da Europa. Porque quero vibrar com a selecção da mesma forma que o fiz nas quatro participações anteriores!
Já que o futebol não serve para mais nada, que sirva para propiciar convívio, alegria e boa-disposição entre pessoas de nacionalidades diferentes. Porém, para que isso aconteça, é preciso que estejamos lá, no Campeonato da Europa, a ter lugar na Áustria e na Suíça.
Eu não sei o que pensam vocês, mas não serei certamente eu a comemorar os golos de outras selecções... Aliás, à semelhança de presidentes-arguidos que por aí andam, há muita gente a afiar o dente, desejando que a selecção tropece, para que possam, impantes de estupidez, dizer que tinham razão, que os jogadores são uns putos que estão cheios de massa* e o que treinador não presta. Vão desiludir-se de novo! A mediocridade vai ter de ficar só para eles...
Felizmente, o próximo jogo vai ser no Porto. Vi lá muitos jogos da selecção e sei que, como sempre, a selecção Portuguesa vai ser aplaudida e acarinhada e vai ganhar! É que na invicta, no Dragão, ao contrário de outros locais no país, o público assobia a sua equipa local quando esta joga mal, mas aplaude a selecção que nos representa! Uma questão de prioridades. Talvez por isso mesmo sejam tão avassaladores há tantos anos. Nada acontece por acaso...
* Quer percam, quer ganhem, vão continuara a ganhar milhões e nós não. Acontece que, se perderem, eu vou ficar chateado. E não me apetece nada ficar chateado... Por isso, façam lá o favor de ganhar essa porra!!!
Como diria o Esteves: "BAMOS LÁ CAMBADA!"