MACA(U)quices
Sobre Macau e não só ...
quinta-feira, março 31, 2011
Mafiosos.
O Fitch Group é um dos maiores no campo do rating (a par da Moody’s e da Standard & Poor’s). Isto não é segredo nenhum; está tudo na wikipédia. O que já se antolha revestido de secretismo é o que é que estas empresas fazem ao certo e que interesses verdadeiramente servem (embora não seja necessário um QI de Einstein para tirar algumas ilacções). De facto, a credibilidade e profissionalismo destas tenebrosas agências deixa muito a desejar. Três exemplos: as broncas com o Credit Suisse, com a Lehman Brothers e com a Banca Islandesa (tudo gente honrada que merecia altos índices de rating). Ameaçam hoje que se Portugal não recorrer à ajuda internacional dão mais uma talhada no rating do país. Como não sou nem quero ser primeiro-ministro, posso fazer o que qualquer cidadão lúcido fará: mandá-los à bardamerda! Já ao futuro primeiro-ministro (que só se os tugas enlouqueceram poderá voltar a ser o quase-engenheiro) não sei que lhe diga, a não ser que isto está mesmo lixado. Mas tenho um pequeno conselho: faça aquilo em que os portugueses são mesmo muito bons, vá engonhando. A ver pelos inconfessáveis interesses que estão por detrás desta malta dos ratings, eles vão desesperar mais depressa do que nós.
quarta-feira, março 30, 2011
segunda-feira, março 28, 2011
sábado, março 26, 2011
sexta-feira, março 25, 2011
É o povo, pá!
Anda p’raí um gajo chamado Jel (!) que me tem trazido abismado. Ora bem, a ver se a gente se entende. Inicialmente pensei que o boneco criado pelo tipo visava o óbvio: ridicularizar os sebosos saídos da revolução de Abril e o seu seguidismo cego a ideologias em extinção. Mas eis que não! Aproveitando a fase de demagogia e sensacionalismo que se vive na pátria Lusa, guindou-se à condição de líder contestatário, usando e abusando de lugares-comuns gastos e apatetados, mas aplaudido freneticamente pela turba cosmopolita, indolente e acrítica - cujo slogan maior, à boa maneira abrilista, é o "quero que me dêem" em detrimento do "vou fazer". Se o sujeito em causa é de uma asnalidade estrondosa, pobre o povo que se revê numa figura destas e que lhe dá tempo de antena. Em parte, explica o porquê de Portugal estar na posição periclitante em que se encontra. Isto já não é coisa que se resolva com o FMI. Há anos e anos de irresponsabilidade e de défice intelectual que já são mais do que um mero problema conjuntural.
quinta-feira, março 24, 2011
Parabéns Sp. Espinho!
Passaram 10 anos - no dia 18 de Março - desde que o Sp. Espinho venceu a Top Teams Cup (a única conquistada por equipas portuguesas). Parabéns atrasados!
Real Confraria do Bigode de Macau.
Este foi o jantar do bigode, o próximo será o do "kilt"... ;)
Legenda - Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Bebes, Dani, D. Duarte, Pascoal Messi, K, Teothónio, Primo Zé Carlos, Sôtor, Vici, Cândido, Fofinho, Ruivo e D. Carlos (faltam 3 nesta fotografia, mas tivessem chegado a horas ao jantar!)
Saudade.
Quando ouço Sócrates e seus prosélitos a botar faladura, recordo com saudade uma exposição que há anos vi em Coimbra sobre as técnicas de tortura em voga ao tempo da inquisição.
quarta-feira, março 23, 2011
MST.
Sábado, 12 de Março: é impossível não ficar preso à televisão, transmitindo ininterruptamente as imagens jamais imaginadas de uma catástrofe como a que atingiu o Japão. Primeiro o terramoto, filmado pela câmara de vigilância de um supermercado, uma imagem comovente de duas empregadas que, em lugar de fugirem dali para fora, tentam manter em equilíbrio as prateleiras: a defender o seu posto de trabalho. Depois, as imagens bíblicas do tsunami, entrando dez quilómetros pela terra adentro, reduzindo a um mar de despojos à deriva tudo o que o homem, o seu esforço, os seus sonhos, a sua prosperidade, tinham construído e conquistado ao longo de décadas: casas, monumentos, pontes, auto-estradas, aeroportos carros, barcos, aviões. E, enfim, logo pressentida, a hipótese terrível de uma tragédia nuclear a relembrar aos incautos e aos mentirosos que, se o homem consegue domesticar e pôr ao seu serviço essa energia demencial do átomo, não consegue depois desligá-la, apaziguá-la, saciá-la jamais.
“Se o fim do mundo alguma vez foi filmado, é isto”, penso para comigo. Nenhum filme de terror, nenhuma série científica, nenhum jogo de computador, alguma vez chegou tão próximo de mostrar a violência da terra ou a fragilidade da nossa precária condição de seres-vivos. E, fazendo zapping entre todos os canais internacionais, penso também que nada mais, nenhuma outra notícia, nem sequer o impune massacre de Kadhafi sobre o seu povo, poderá, neste sábado, ter lugar em qualquer outra parte do mundo.
Mas estava enganado: as televisões e a imprensa portuguesa demoraram 36 horas a incomodar-se com a tragédia do Japão — e até hoje ainda não perceberam toda a dimensão da sua importância. É o far side of the world e estão convencidos de que nada chegará cá — nem a nuvem radioactiva, nem o tsunami, nem o aumento do preço do petróleo, uma vez desligadas as 55 centrais nucleares japonesas, nem as consequências económicas da queda brutal de produção na terceira economia do mundo. Nas televisões portuguesas, sábado passado, falava-se de Jesus (o do Benfica, não o do Além), de mais uma lamentação do “superjuiz” (como sempre), da anunciada “greve dos camionistas” — isto é, da sedição terrorista de alguns patrões da camionagem, ordenando aos seus motoristas que apedrejassem os outros e paralisassem as estradas até que o Governo cedesse a cobrir-lhes os riscos próprios do seu privadíssimo negócio. E, claro, dos preparativos para “a manifestação” — aquele imenso movimento nebuloso, convocado pelo Facebook e o jornal “Público”, e que prometia ser qualquer coisa de novo, de jamais visto, nem sequer na Praça Tahrir.
Voltei ao Japão, que a essa hora se preparava para a segunda noite de terror e escuridão, com réplicas constantes do terramoto, um terço do país sem energia, milhões sem água nem comida, milhares de mortos e sobreviventes flutuando em bocados de telhados, de carros, de madeira solta. Anos e anos de esforços, de trabalho duro, de inovação, de estudo e criação de riqueza, de paz e prosperidade, assim submersos em 40 segundos de devastação vinda do fundo do mar e das entranhas da terra. E logo, na madrugada de cá e ao nascer do dia no Japão, chegavam as primeiras imagens dos sobreviventes, alinhando-se ordeiramente para o rastreio da contaminação radioactiva, recolhendo-se aos abrigos provisórios montados pelo Exército, sem atropelos, sem gritos, sem lágrimas, a não ser para recordar mortos e desaparecidos. Nem resignados nem revoltados: apenas conscientes de que vai ser preciso recomeçar tudo outra vez. Talvez não existam muitos povos assim, mas os povos fazem-se, pela capacidade de resistir, de lutar, de reerguer-se após todas as tragédias.
São agora seis da tarde em Portugal. Mudo para a televisão portuguesa, mas, do Japão, a notícia mais importante é que falta encontrar uma portuguesa, residente na zona da catástrofe. De resto, é manifestação, manifestação e mais manifestação. Só resta ver esse grande acontecimento que torna a tragédia planetária do Japão numa coisa sem importância, longínqua e inócua.
Os deolindos tinham acabado de chegar ao Rossio, termo do seu histórico momento de “sobressalto cívico”, como disse o melhor de todos nós. As primeiras imagens que vejo mostram-me que, tal como previa, os Homens da Luta tomaram conta da ocorrência e transformaram a coisa numa imensa e gratuita operação de marketing e promoção comercial. O camarada Jel, misto de MFA com Quim Barreiros, já fora, aliás, transformado num herói nacional, desdobrando-se em entrevistas onde se proclamava continuador dos métodos de luta de Luther King e Gandhi e onde oferecia à nação as insuspeitas profundezas do seu pensamento político. Estava ali o indispensável target dos indispensáveis concertos de Verão, e daí a lista de artistas apoiantes, a quem os Homens da Luta muito generosamente dispensaram uma fugaz presença no palanque da sua camioneta, nos raros instantes em que o revolucionário Jel consentiu em emprestar o megafone a outros. De resto, e como rapidamente se constatou, os tais 200.000 manifestantes lisboetas que a imprensa engoliu sem pestanejar, não representavam a “geração à rasca”, mas sim um extraordinário cardápio de descontentes ou hibernantes que subitamente resolveram fazer prova de vida. Considerando que descontentes somos hoje todos, nem me pareceu grande manifestação: manifestaram-se os descontentes capazes de seguir uma nebulosa ou um Jel e que acreditam que a vida é um prolongamento do Facebook; os outros descontentes ficaram em casa (talvez sejam, afinal, os mais descontentes de todos, porque mais conscientes).
Entre eles, muitos de entre eles, estavam certamente jovens e menos jovens a quem a vida e o rumo do país não deixam lugar à esperança. Estavam muitos verdadeiramente à rasca, como quase todos estamos, tirando os que jogam golfe com 6% de IVA ou abastecem iates a 80 cêntimos o litro de gasóleo, têm a casa sediada numa offshore e a empregada doméstica registada numa firma de import-export, subsidiada pelo nosso IRS. Mas isso é outra conversa, uma conversa séria e de que agora não cuido: estou a falar da “mensagem política” deste sobressalto cívico. Também lá estavam muitos cidadãos ‘NN’: não votam nem querem pagar impostos e acham que, com uma simples manifestação, esgotam todo seu dever cívico. Acham que o Estado só lhes deve direitos e não tem de lhes cobrar deveres; deliberadamente, confundem o Estado com a classe política e os governos para assim se justificarem; querem emprego garantido até ao além (“quero o meu contrato!”, dizia um dos cartazes); querem saúde, assistência social e reformas para a vida; auto-estradas, universidades e farmácia grátis; acreditam que vão continuar eternamente a ter crédito para consumo a taxas mínimas e que tudo o que fizerem merece ser subsidiado pelos contribuintes (que são “os outros”). E agora descobriram na Internet a “revolução da rua”, que viram no Magrebe, sem perceberem que o que reclamam do outro lado do Mediterrâneo é o que lhes sobra aqui: liberdade. Com este sedutor caderno de encargos, tudo coube na Avenida da Liberdade: anarquistas e comunistas (perdoa-lhes, Lenine!), bloquistas e neonazis, pró-gay e pró-rei, CGTP e claques de futebol, a Associação das Famílias Numerosas e entusiastas da aguardente “mil nove e vinte”, actores sem novela e gente vinda do evento subsidiado Moda Lisboa — pois que, como explicava uma revista social, a manif no Rossio e a Moda Lisboa no Terreiro do Paço eram os acontecimentos in do fim-de-semana. Ah, e estava também a Joana Amaral Dias.
Ali próximo, também, 8000 professores reuniam-se para ouvir Mário Nogueira, da Fenprof, anunciar, radiante, que se prepara uma greve dos professores aos exames, lá para Junho/Julho, porque o Governo lhes retirou o subsídio de avaliação de exames. (Você sabia que os professores recebiam 25 euros por cada exame corrigido? Eu não, vejam lá a minha ingenuidade: estava convencido de que isso fazia parte das tarefas normais de um professor, as quais ele desempenharia com o brio de quem quer saber o resultado do seu trabalho ao longo de um ano). Engano: não receber um extra por corrigir exames é uma tamanha ofensa à classe, que Mário Nogueira, também ele impressionado e inspirado com o que acontecia no Japão, prometeu fazer disso “não uma onda, mas um tsunami de protestos e luta”.
Quinta-feira, 17 de Março: em armazéns onde se amontoam ordeiramente, desprovidos de tudo e reduzidos a despojos de uma catástrofe indizível, assolados pelo medo da morte nuclear silenciosa, as crianças de Sendai e Tsushima recebem aulas dos professores que ali se encontram. E Tóquio, já quase totalmente às escuras, começa a ser evacuada. Mas o que agora ocupa a nossa imprensa é o drama insubstituível que o país vive de saber se Sócrates e Passos Coelho passam do clímax do ‘agarrem-me se não mato-o’ para a solução e clarificação dos problemas do país: crise, eleições e os que nos terão de emprestar dinheiro para continuarmos a respirar satisfeitos e acalmados por anteciparem três meses garantidos de paralisia aqui, sem governo, mas com muita animação, bifanas e sardinhas, discursos empolgantes de feiras e multidões de deolindos jurando por sua honra exterminar de vez toda a classe política. Enfim, um Portugal sem governo, tal como desejado por tantos e tão necessário agora.
Dentro de cinco anos, dez no máximo, o Japão estará reconstruído de toda esta devastação que o destino lhe reservou. Mas nós estaremos na mesma ou pior. Tudo o resto não interessa à História.
“Se o fim do mundo alguma vez foi filmado, é isto”, penso para comigo. Nenhum filme de terror, nenhuma série científica, nenhum jogo de computador, alguma vez chegou tão próximo de mostrar a violência da terra ou a fragilidade da nossa precária condição de seres-vivos. E, fazendo zapping entre todos os canais internacionais, penso também que nada mais, nenhuma outra notícia, nem sequer o impune massacre de Kadhafi sobre o seu povo, poderá, neste sábado, ter lugar em qualquer outra parte do mundo.
Mas estava enganado: as televisões e a imprensa portuguesa demoraram 36 horas a incomodar-se com a tragédia do Japão — e até hoje ainda não perceberam toda a dimensão da sua importância. É o far side of the world e estão convencidos de que nada chegará cá — nem a nuvem radioactiva, nem o tsunami, nem o aumento do preço do petróleo, uma vez desligadas as 55 centrais nucleares japonesas, nem as consequências económicas da queda brutal de produção na terceira economia do mundo. Nas televisões portuguesas, sábado passado, falava-se de Jesus (o do Benfica, não o do Além), de mais uma lamentação do “superjuiz” (como sempre), da anunciada “greve dos camionistas” — isto é, da sedição terrorista de alguns patrões da camionagem, ordenando aos seus motoristas que apedrejassem os outros e paralisassem as estradas até que o Governo cedesse a cobrir-lhes os riscos próprios do seu privadíssimo negócio. E, claro, dos preparativos para “a manifestação” — aquele imenso movimento nebuloso, convocado pelo Facebook e o jornal “Público”, e que prometia ser qualquer coisa de novo, de jamais visto, nem sequer na Praça Tahrir.
Voltei ao Japão, que a essa hora se preparava para a segunda noite de terror e escuridão, com réplicas constantes do terramoto, um terço do país sem energia, milhões sem água nem comida, milhares de mortos e sobreviventes flutuando em bocados de telhados, de carros, de madeira solta. Anos e anos de esforços, de trabalho duro, de inovação, de estudo e criação de riqueza, de paz e prosperidade, assim submersos em 40 segundos de devastação vinda do fundo do mar e das entranhas da terra. E logo, na madrugada de cá e ao nascer do dia no Japão, chegavam as primeiras imagens dos sobreviventes, alinhando-se ordeiramente para o rastreio da contaminação radioactiva, recolhendo-se aos abrigos provisórios montados pelo Exército, sem atropelos, sem gritos, sem lágrimas, a não ser para recordar mortos e desaparecidos. Nem resignados nem revoltados: apenas conscientes de que vai ser preciso recomeçar tudo outra vez. Talvez não existam muitos povos assim, mas os povos fazem-se, pela capacidade de resistir, de lutar, de reerguer-se após todas as tragédias.
São agora seis da tarde em Portugal. Mudo para a televisão portuguesa, mas, do Japão, a notícia mais importante é que falta encontrar uma portuguesa, residente na zona da catástrofe. De resto, é manifestação, manifestação e mais manifestação. Só resta ver esse grande acontecimento que torna a tragédia planetária do Japão numa coisa sem importância, longínqua e inócua.
Os deolindos tinham acabado de chegar ao Rossio, termo do seu histórico momento de “sobressalto cívico”, como disse o melhor de todos nós. As primeiras imagens que vejo mostram-me que, tal como previa, os Homens da Luta tomaram conta da ocorrência e transformaram a coisa numa imensa e gratuita operação de marketing e promoção comercial. O camarada Jel, misto de MFA com Quim Barreiros, já fora, aliás, transformado num herói nacional, desdobrando-se em entrevistas onde se proclamava continuador dos métodos de luta de Luther King e Gandhi e onde oferecia à nação as insuspeitas profundezas do seu pensamento político. Estava ali o indispensável target dos indispensáveis concertos de Verão, e daí a lista de artistas apoiantes, a quem os Homens da Luta muito generosamente dispensaram uma fugaz presença no palanque da sua camioneta, nos raros instantes em que o revolucionário Jel consentiu em emprestar o megafone a outros. De resto, e como rapidamente se constatou, os tais 200.000 manifestantes lisboetas que a imprensa engoliu sem pestanejar, não representavam a “geração à rasca”, mas sim um extraordinário cardápio de descontentes ou hibernantes que subitamente resolveram fazer prova de vida. Considerando que descontentes somos hoje todos, nem me pareceu grande manifestação: manifestaram-se os descontentes capazes de seguir uma nebulosa ou um Jel e que acreditam que a vida é um prolongamento do Facebook; os outros descontentes ficaram em casa (talvez sejam, afinal, os mais descontentes de todos, porque mais conscientes).
Entre eles, muitos de entre eles, estavam certamente jovens e menos jovens a quem a vida e o rumo do país não deixam lugar à esperança. Estavam muitos verdadeiramente à rasca, como quase todos estamos, tirando os que jogam golfe com 6% de IVA ou abastecem iates a 80 cêntimos o litro de gasóleo, têm a casa sediada numa offshore e a empregada doméstica registada numa firma de import-export, subsidiada pelo nosso IRS. Mas isso é outra conversa, uma conversa séria e de que agora não cuido: estou a falar da “mensagem política” deste sobressalto cívico. Também lá estavam muitos cidadãos ‘NN’: não votam nem querem pagar impostos e acham que, com uma simples manifestação, esgotam todo seu dever cívico. Acham que o Estado só lhes deve direitos e não tem de lhes cobrar deveres; deliberadamente, confundem o Estado com a classe política e os governos para assim se justificarem; querem emprego garantido até ao além (“quero o meu contrato!”, dizia um dos cartazes); querem saúde, assistência social e reformas para a vida; auto-estradas, universidades e farmácia grátis; acreditam que vão continuar eternamente a ter crédito para consumo a taxas mínimas e que tudo o que fizerem merece ser subsidiado pelos contribuintes (que são “os outros”). E agora descobriram na Internet a “revolução da rua”, que viram no Magrebe, sem perceberem que o que reclamam do outro lado do Mediterrâneo é o que lhes sobra aqui: liberdade. Com este sedutor caderno de encargos, tudo coube na Avenida da Liberdade: anarquistas e comunistas (perdoa-lhes, Lenine!), bloquistas e neonazis, pró-gay e pró-rei, CGTP e claques de futebol, a Associação das Famílias Numerosas e entusiastas da aguardente “mil nove e vinte”, actores sem novela e gente vinda do evento subsidiado Moda Lisboa — pois que, como explicava uma revista social, a manif no Rossio e a Moda Lisboa no Terreiro do Paço eram os acontecimentos in do fim-de-semana. Ah, e estava também a Joana Amaral Dias.
Ali próximo, também, 8000 professores reuniam-se para ouvir Mário Nogueira, da Fenprof, anunciar, radiante, que se prepara uma greve dos professores aos exames, lá para Junho/Julho, porque o Governo lhes retirou o subsídio de avaliação de exames. (Você sabia que os professores recebiam 25 euros por cada exame corrigido? Eu não, vejam lá a minha ingenuidade: estava convencido de que isso fazia parte das tarefas normais de um professor, as quais ele desempenharia com o brio de quem quer saber o resultado do seu trabalho ao longo de um ano). Engano: não receber um extra por corrigir exames é uma tamanha ofensa à classe, que Mário Nogueira, também ele impressionado e inspirado com o que acontecia no Japão, prometeu fazer disso “não uma onda, mas um tsunami de protestos e luta”.
Quinta-feira, 17 de Março: em armazéns onde se amontoam ordeiramente, desprovidos de tudo e reduzidos a despojos de uma catástrofe indizível, assolados pelo medo da morte nuclear silenciosa, as crianças de Sendai e Tsushima recebem aulas dos professores que ali se encontram. E Tóquio, já quase totalmente às escuras, começa a ser evacuada. Mas o que agora ocupa a nossa imprensa é o drama insubstituível que o país vive de saber se Sócrates e Passos Coelho passam do clímax do ‘agarrem-me se não mato-o’ para a solução e clarificação dos problemas do país: crise, eleições e os que nos terão de emprestar dinheiro para continuarmos a respirar satisfeitos e acalmados por anteciparem três meses garantidos de paralisia aqui, sem governo, mas com muita animação, bifanas e sardinhas, discursos empolgantes de feiras e multidões de deolindos jurando por sua honra exterminar de vez toda a classe política. Enfim, um Portugal sem governo, tal como desejado por tantos e tão necessário agora.
Dentro de cinco anos, dez no máximo, o Japão estará reconstruído de toda esta devastação que o destino lhe reservou. Mas nós estaremos na mesma ou pior. Tudo o resto não interessa à História.
terça-feira, março 22, 2011
Artur Agostinho
Faleceu o homem que foi jornalista, actor, locutor de rádio e de televisão aos 90 anos.
Era fantástico e da velha têmpera.
Que descanse em Paz!
Aqui encarnando o chauffer "Miguel" no Leão da Estrela.
Era fantástico e da velha têmpera.
Que descanse em Paz!
Aqui encarnando o chauffer "Miguel" no Leão da Estrela.
Ganda musicól!
"The melody to this one was heard aboard a British Airways Vickers Viscount about a hundred miles from Essen. It was one of those old four engine 'prop' jobs, that seemed to drone the passenger into a sort of hypnotic trance, only with this it was different. The droning, after a while, appeared to take the form of a tune, which mysteriously sounded like a church choir. So it was decided! We accosted the pilot, forced him to land in the nearest village and there; in a small pub, we finished the lyrics. Actually, it wasn't a village, it was the city, and it wasn't a pub, it was a hotel, and we didn't force the pilot to land in a field... but why ruin a perfectly good story?"- Robin Gibb, Bee Gees.
segunda-feira, março 21, 2011
Filmes.
Hoje, duas sugestões cinematográficas.
A primeira vai para a comédia "Due Date", realizada por Todd Philips (que também realizou "Hangover"). Mais uma vez, Zach Galifianakis leva um gajo às lágrimas. Vale a pena.
Em seguida, creio que não devem perder o "The Fighter". Quanto mais não seja, para apreciar a portentosa interpretação de Christian Bale (o que, aliás, lhe valeu um Oscar).
domingo, março 20, 2011
FF, no DN.
"Desta vez, os kamikazes não são os que vêm pelos ares. Estes esvaziam a água sobre os reactores e regressam ilesos nos seus helicópteros. Desta vez, os que se sacrificam, sabendo que se sacrificam, estão no solo, e lá continuam com a única compensação de um dia terem um filme: "Os Últimos de Fucoxima." Mas para os seus compatriotas eles já conseguiram um certo controlo na escalada de perigo da central nuclear. As leituras de radiações diminuem, já se acredita que se está na fase de enterrar o pesadelo - a prova veio ontem em todos os jornais: as manchetes abandonaram o Japão, partiram para a Líbia. Fucoxima, grau 5, não chegará ao máximo, grau 7, de Chernobil. Graças aos 50. Tão anónimos que nem se sabe se serão esse número, talvez sejam 200 a trabalhar por turnos. A trabalhar tão depressa que nem deu tempo para o mundo lhes organizar o espectáculo: dar nome e cara a cada um. Os 33 mineiros do Chile tiveram mais e, na escala dos heróis, fizeram menos. Os chilenos foram admirados pela sua coragem mas, afinal, lutavam por eles. Os 50 (ou lá quantos são) de Fucoxima, não; por eles o que fazem são doenças terríveis e certas. E nem têm aquele lenitivo que faz os heróis saltar as trincheiras, ou para comparação local e colorida, os kamikazes atirar os seus aviões contra os alvos - a morte breve e gloriosa. Os de Fucoxima são heróis pacientes, que fazem porque tem mesmo de ser feito."
sábado, março 19, 2011
Bob Herbert.
Ora aqui está uma reflexão interessante:
http://www.nytimes.com/2011/03/19/opinion/19herbert.html?_r=1&hp
Pandemónio.
A loja de "souvenirs" do Seac Pai Van Park (casa dos pandas Hoi Hoi e Sam Sam) andou a vender suportes para canetas com referência à banda desenhada japonesa "Totoro". Obviamente, sem autorização do titular da marca. Quando confrontado com a escandaleira, o governo da região desculpou-se de forma notável: a culpa é da barreira linguística. É que de facto havia palavras escritas nesse estranho idioma que é o inglês e nem toda a gente percebe da coisa, pelo que não se aperceberam da falcatrua... Humm, pois é, também não é mentira nenhuma. Não percebo é como é que se tem coragem de o admitir.
sexta-feira, março 18, 2011
O sal da vida.
Tendo em consideração a rapidez com que o sal desaparece das prateleiras dos supermercados da região, quer parecer-me que os ataques cardíacos que se seguirão vão ser mais fulminantes do que o rebentamento de uma ogiva nuclear em pleno Real Senado.
O desastre japonês.
Parece que só agora com o desastre japonês se perceberam os riscos da indústria nuclear. Ora, se queremos indústria de grande produção e todas as mordomias da vida moderna, não há grandes opções energéticas alternativas ao nuclear e ao petróleo (em termos de rentabilidade e produtividade). A questão é que há que perguntar a todos e cada um de nós: querem abdicar das vossas mordomias ou preferem ter centrais nucleares em funcionamento? Se forem construídas à porta dos vizinhos, esta é pergunta de resposta fácil, pois, como dizem os brasileiros, “pimenta no cu dos outros é refresco”. Mas... e se o forem à porta das nossas casas? Ainda assim, a avaliar pela irreal sobranceria que tenho encontrado nos discursos dos politiqueiros de serviço, desconfio que a resposta àquela pergunta não será unânime...
quinta-feira, março 17, 2011
Real Madrid.
Ontem acordei de noite e, já que estava assim, acordado, aproveitei para ver o Real Madrid com o Lyon. Ao correr alguns canais que tenho lá por casa, facilmente confirmei que o RM é, quiça, o maior emblema à escala mundial. Mas, mais do que falar do clube, as atenções concentram-se em Mourinho e CR7. Ora, apesar de ter enorme simpatia por Espanha e pelos espanhóis (não tanto por castelhanos e catalães, mas muita por Bascos, Andaluzes e Galegos), não pode haver português que se preze que não fique com um sorriso nos lábios ao constatar que os dois maiores símbolos do gigante espanhol são portugueses. Mais: nunca mais na história do futebol dois portugueses voltarão a concentrar em si tão simultânea e avassaladoramente as luzes da ribalta. Mourinho porque é único - nunca nenhum treinador foi tão mediático, polémico e vencedor como ele. CR7 porque, haja ou não melhor jogador do que ele (não é o relevante aqui), é um puro-sangue de qualidade futebolística ímpar, cujo cabelo à actor de hollywood e a pose de cantor de tango atraem as câmaras televisivas de 5 em 5 minutos. E nós, portugueses, que temos oportunidade de viver este raro privilégio em tempo real, só podemos sentir um incontido orgulho na nossa gente.
terça-feira, março 15, 2011
Do Corta-fitas.
Por muito que se repita uma mentira, ela nunca deixará de ser aquilo que sempre foi: uma mentira! E sempre haverá provas da cobardia, injustiça e falsidade. Para que não se esqueça o que se passou por ali...
http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/4235033.html
Felicitações
A Real Confraria do Bigode felicita efusivamente o seu Mui Ilustre Confrade Dr. VOC pelos méritos profissionais alcançados.
Et Pluribus Unum!
Et Pluribus Unum!
sexta-feira, março 11, 2011
O que é importante
Hola!
As balelas de hoje tem um (a)destinatário(a) especial. Chama-se amizade e felicidade por ver os amigos a conquistarem metas, algumas delas já com uns, vá lá, anitos de atraso.
Ontem foi um daqueles dias em que um gajo sente uma felicidade igual à do amigo que alcançou uma meta e conclui que há ali qualquer coisa inexplicavelmente verdadeira.
Há uns dias que se me assolava uma tristeza grande, fruto da idade, do stress e dos dias que vão passando. Mas, com acontecimentos destes, pensamos seriamente que estamos em presença de um ponto de viragem, com uma felicidade enorme igual à de um filho ou de um irmão que acaba a faculdade.
Parabéns Mano e Que te vaya bien!
As balelas de hoje tem um (a)destinatário(a) especial. Chama-se amizade e felicidade por ver os amigos a conquistarem metas, algumas delas já com uns, vá lá, anitos de atraso.
Ontem foi um daqueles dias em que um gajo sente uma felicidade igual à do amigo que alcançou uma meta e conclui que há ali qualquer coisa inexplicavelmente verdadeira.
Há uns dias que se me assolava uma tristeza grande, fruto da idade, do stress e dos dias que vão passando. Mas, com acontecimentos destes, pensamos seriamente que estamos em presença de um ponto de viragem, com uma felicidade enorme igual à de um filho ou de um irmão que acaba a faculdade.
Parabéns Mano e Que te vaya bien!
quarta-feira, março 09, 2011
Tiago Mesquita.
Concordo, obviamente.
P.S.: Ainda assim, importa referir que é evidente que Mesquita é do scp. Na falta de melhor, opta por se aliar aos verdadeiros adversários do seu rival de estimação. Compreende-se.
terça-feira, março 08, 2011
domingo, março 06, 2011
Pois é...
"No mundo actual, investe-se cinco vezes mais em medicamentos para a virilidade masculina e silicones para as mulheres do que na cura do Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhas de mamas grandes e velhos com pénis duro, mas nenhum se recordará para que servem".
Drauzio Varella - Oncologista brasileiro.
sexta-feira, março 04, 2011
quinta-feira, março 03, 2011
quarta-feira, março 02, 2011
terça-feira, março 01, 2011
Tartaruga Beach Resort
Para quem tem dinheiro e tempo livre, aqui fica a sugestão para umas belas férias. Situa-se em Inhambane, na Pérola do Índico.
Agradecimento.
Este é um blogue com qualquer coisa de periférico e bastante de tendencioso. Ainda assim, vamos tentando postar umas coisas giras e sem entrar em grandes polémicas - que para emoções fortes bem basta a vida. Serve esta lenga-lenga para vos comunicar que ontem tivemos, pela primeira vez, mais de 200 visitantes (e mais de 800 page views). Obrigado por passarem os olhos aqui pelo estaminé!